A Culpa é das Estrelas — John Green

A culpa é das Estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem e se apaixonam em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer. 
Hazel é uma paciente terminal cuja vida vem sendo prolongada por uma nova droga e Augustus Waters ex-jogador de basquete até perder uma perna para  o osteosarcoma — Dois jovens unidos na luta pelo “vivendo o melhor da nossa vida, hoje”.  Mas, até que ponto é possível amar quando só existe “o já” sem “um depois”?
 
Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das Estrelas é uma obra ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.  Uma trama que mexe com o leitor fazendo com que o coração fique cada vez mais apertado à medida que mergulha no desenrolar da história, indo do sorriso nas primeiras páginas ao choro nas últimas.

A forma como o autor constrói o desfecho é louvável, como também, a forma como conduz o leitor a torcer para que o livro não acabe da forma como acaba, mas o final é óbvio... Pelo menos no livro, muito embora na vida real milagres, às vezes, acontecem.
 
Em A Culpa é das Estrelas, Hazel Grace descobre, aos treze anos, que é portadora de câncer na tireóide e no pulmão. Três anos depois ela se encontra em estágio terminal e sempre anda acompanhada de um cilindro de oxigênio. Os médicos, em seu empenho, conseguiram reduzir seu tumor, o que lhe possibilita ter mais alguns anos de vida.
 
Assim, Hazel faz faculdade e tenta levar a vida como qualquer adolescente, mas seus pais  não acreditam que ela seja capaz de lidar com sua doença e decidem que deve frequentar um grupo de apoio composto por pessoas que possuem os mesmos problemas.
 
É evidente que Hazel detesta a ideia, mas como não suporta o sentimento de culpa diante da possibilidade de se tornar uma simples tristeza na vida dos pais, decide, mesmo contra a vontade, frequentar o grupo de apoio, onde todo mundo fala de lutar, combater, vencer, remitir e examinar.

Hazel  acaba conhecendo Augustus Waters, um garoto belo, jovem, cheio de filosofias que tem uma das pernas amputadas por causa do câncer nos ossos. Diferentemente de Hazel, Augustus não está deprimido, mantém alto astral, pelo menos até onde uma pessoa com câncer pode ser.
 
Hazel e Gus começam a ter uma relação de amizade bem forte e, inicialmente, o que aproxima os dois é um livro chamado Uma aflição imperial do autor Peter Van Houten, que retrata uma menina com câncer e termina do nada — sem final e também não foi publicado uma continuação.
 
Determinados a descobrir o que acontece com os personagens e o que acontece no final do livro, Hazel e Gus viajam para a Holanda, pois esse livro a é muito importante para Hazel, já que a ajudou muito.
  
Ao longo da trama Hazel se apaixona por Augustus Waters e a partir daí juntos vão dar um novo sentido à vida, aprendendo a lidar com as descobertas comuns da adolescência.
 
Os protagonistas possuem muitas características diferentes e constroem uma conexão que prende o leitor de uma forma que se torna impossível desligar-se dos sentimentos ou das situações que eles enfrentam, conduzindo o leitor a parar e refletir sobre a vida e a morte; sobre o destino justo ou injusto — como sempre cheio de surpresas; sobre o amor posto à prova quando um dos dois passa a mostrar seu outro lado: a fragilidade, o desespero e a dependência e, também, a pergunta que fica martelando: Existe realmente um ser humano preparado para as surpresas que o espera durante e/ou no final da sua vida?
 
... entrei furtivamente na UTI e vi a Hazel quando ainda estava inconsciente... a mão dela ainda era a mão dela, ainda quente... eu simplesmente segurei sua mão e tentei imaginar o mundo sem nós, e por mais ou menos um segundo fui uma pessoa boa o suficiente para torcer que ela morresse e nunca ficasse sabendo que eu também ia morrer...  
 
Vale a pena ressaltar que muito embora o livro apresente um enredo ficcional, na verdade, o autor inspirou-se em Esther Earl, uma menina vítima de um câncer que lhe roubou a vida, deixando no autor marcas profundas, exemplos inesquecíveis, desencanto, desilusão, tristeza, saudade  e certa dose de fúria criadora. 
 
Green confessa ter muitas saudades da adolescente e ainda estar irritado com sua ausência e, apesar de tudo que aprendeu com a doença de Esther e   sua morte, diz que o mundo seria hoje um lugar bem melhor se a garota ainda estivesse viva e ativa, produzindo seus vídeos e colorindo tudo à sua volta. Seus contraditórios sentimentos em relação à partida de Esther, especialmente, na fase inicial do luto, o levaram a escrever A Culpa é das Estrelas de uma forma febril e apaixonante.
 
Apesar do livro ser um grande sucesso, o escritor afirma ainda que sua narrativa não se baseia em apenas uma história verdadeira, pois vários outros personagens reais também o motivaram a criar esta obra. Além disso, Hazel e Esther definitivamente são pessoas totalmente distintas. Assim o autor comprova que não retrata aqui a trajetória autêntica da jovem, a qual pertence somente a seus familiares.
 
Se a culpa é realmente das estrelas ou não, quem sabe?  Porém, como diz o autor, Green   ... muitas pessoas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque são más ou sei lá o quê, mas porque dão azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa, sim, e eu quis escrever um livro sobre como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser ou não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco...  Seria essa uma história infinita, onde os leitores seguiriam o exemplo dos protagonistas  indo atrás do autor para saber a continuação da trama ou será que Green é igual a todos os outros atores que não pensam no destino dos personagns depois que o livro acaba.
 
O fato é que se torna impossível não se identificar com o que Hazel e Gus falam, com o que pensam e como agem diante da doença, do medo, da impotência, enfim, tudo nos conduz a refletir de que é possível aproveitar a vida mesmo quando ela está se esgotando —  Tudo pode ser uma questão de opção ou não?
 
“Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas.”
   
Vale tentar toda e qualquer alternativa que exista por trás de cada problema — vale o sabor de lutar... vale o sabor de arriscar ... vale até errar... e, por que não, vale até o sabor de saber que tanto podem ganhar quanto perder, pois neste momento, o importante é simplesmente “tentar”, já que “o amanhã”, quem sabe, afinal, como diz o poeta  “Que não seja imortal ... Mas que seja infinito enquanto dure!”
    
Sobre o autor:
John Green é um dos escritores norte-americanos mais queridos pelo público jovem e igualmente festejado pela crítica. Com mais de um milhão de seguidores no twitter, é autor best-seller do The New York Times, premiado com a Printz Medal e o Printz Honor da American Library Association e com o Edgar Award, e foi duas vezes finalista do prêmio literário do LA Times. Com o irmão, Hank, mantém o canal do YouTube “Vlogbrothers”, um dos projetos de vídeo on-line mais populares do mundo.
 
Autor: John Green
Editora: Intrínseca, 2012
Preço: De R$ 19,90  até  R$ 24,90
Tradução: Renata Pettengill
 
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