Como Nasceu a Alegria

Como nasceu a alegria é a história da florzinha que aprendeu a sorrir e que recebeu de presente o delicioso perfume que iria permanecer com ela e com todas as outras que viessem depois dela, desde que soubessem sorrir.
.
Neste livro, Rubem Alves nos mostra que da tristeza e do choro pode surgir o riso e conseqüentemente a alegria.

Com ilustrações de Roberto Caldas e linguagem poética, o autor conta a história de uma flor que é diferente das outras flores — por ter uma pétala cortada por um espinho — e vive essa diferença, com muita dor e tristeza, chorando muito.

Sua dor comove a terra, as árvores, os pássaros, as nuvens, Deus, o Sol, e assim, por meio das lágrimas de todos eles, nascem rios, mares e peixes.

A pequena flor diferente percebe que, apesar de sua diferença, é muito querida por todos, e então sorri, e do seu sorriso aparece um perfume que torna todo o mundo alegre como nunca havia sido, pois as outras flores eram preocupadas demais com a vaidade e por isso nunca haviam sorrido. Assim nasce a alegria.

Como nasceu a Alegria é um livro para pais, avós, tios, professores, babás lerem com os “pequeninos” e ajudá-los nas atividades de compreender, refletir e produzir sobre as ideias deixadas pelo autor, pois é lendo e/ou ouvindo histórias que se aprende a ouvir, sentir e enxergar com os olhos da imaginação que é o primeiro passo para se tornar um leitor, um escritor e até mesmo um inventor.

Neste livro o leitor tomará contato com os valores universais, tais como o respeito ao homem, à natureza e ao próximo e, aprenderá que apesar das diferenças, devemos aprender a amar e a respeitar as pessoas como elas são, pois ninguém é igual a ninguém e ninguém é perfeito e, assim como a florzinha aprendeu a sorrir, nós também devemos aprender a sorrir, por que sorrir é um gesto simples que faz bem a quem o dá e a quem o recebe.
.
Assim nasceu a alegria
.
Você pode não acreditar, mas é verdade: muitos anos atrás a terra era um jardim maravilhoso. É que os anjos, ajudados pelos elefantes, regavam tudo, com regadores cheios de água que eles tiravam das nuvens.
.
Esta era a sua primeira tarefa, todo dia. Se esquecessem, todas as plantas morreriam, secas, estorricadas... Para que isso não acontecesse, Deus chamou o galo e lhe disse:
- Galo, logo que o sol aparecer, bem cedinho, trate de cantar bem alto para que os anjos e os elefantes acordem...
E é por isto que, ainda hoje, os galos cantam de manhã...
.
Flores havia aos milhares. Todas eram lindas. Mas, infelizmente, todas elas eram igualmente vaidosas e cada uma pensava ser a mais bela.
E, exibindo as suas pétalas, umas para as outras, elas se perguntavam, sem parar:
- Não sou a mais linda de todas?
Até pareciam a madrasta da Branca de Neve. Por causa da vaidade, nenhuma delas ouvia o que as outras diziam e nem percebiam que todas eram igualmente belas.

Por isso, todas ficavam sem resposta.
E eram, assim, belas e infelizes.
No meio de tanta beleza infeliz, entretanto, certo dia uma coisa inesperada aconteceu. Uma florinha, que estava crescendo dentro de um botão, e que deveria ser igualmente bela e infeliz, cortou uma de suas pétalas num espinho, ao nascer.
A florinha nem ligou e vivia muito feliz com sua pétala partida. Ela não doía. Era uma pétala macia. Era amiga.
.
Até que ela começou a notar que as outras flores a olhavam com olhos espantados. E percebeu, então, que era diferente.
- Por que é que as outras flores me olham assim, papai, com tanto espanto, olhos tão fixos na minha pétala...?
- Por que será? Que é que você acha?, perguntou o pai.
.
Na verdade, ele bem sabia de tudo. Mas ele não queria dizer. Queria que a florinha tivesse coragem para olhar para as vaidosas e amar a sua pétala.
- Acho que é porque eu sou meio esquisita..., a florinha respondeu.
.
E ela foi ficando triste, triste... Não por causa da sua pétala rachada, mas por causa dos olhos das outras flores.
- Já estou cansada de explicar. Eu nasci assim... Mas elas perguntam, perguntam, perguntam...
Até que ela chorou.
.
Coisa que nunca tinha acontecido com as flores belas e infelizes.
A terra levou um susto quando sentiu o pingo de uma lágrima quente, porque as outras flores não choravam.
E ela chamou a árvore e lhe contou baixinho:
- A florinha está chorando.
E a terra chorou também.

A árvore chamou os pássaros e lhes contou o que estava acontecendo. E, enquanto falava, foi murchando, esticando seus galhos num longo lamento, e continua a chorar até hoje, à beira dos rios e dos lagos, aquela árvore triste que tem o nome de chorão. E das pontas dos seus galhos correram as lágrimas que se transformaram num fiozinho de água...
Os pássaros voaram até as nuvens.
- Nuvens, a florinha está chorando...

.
Como Nasceu a Alegria
Autor:
Rubem Alves
Edição: 22
Editora: Paulus
Preço: De R$ 10,00 até R$ 15,00
http://Livrospralerereler.blogspot.com